🍭 João e Maria

Às margens de uma extensa mata existia, há muito tempo, uma cabana pobre, feita de troncos de árvore, na qual morava um lenhador com sua segunda esposa e seus dois filhinhos, nascidos do primeiro casamento. O garoto chamava-se João e a menina, Maria. A vida sempre fora difícil na casa do lenhador, mas naquela época as coisas haviam piorado ainda mais: não havia pão para todos. — Minha mulher, o que será de nós? Acabaremos todos por morrer de necessidade. E as crianças serão as primeiras… — Há uma solução… — disse a madrasta, que era muito malvada. — Amanhã daremos a João e Maria um pedaço de pão, depois os levaremos à mata e lá os abandonaremos. O lenhador não queria nem ouvir falar de um plano tão cruel, mas a mulher, esperta e insistente, conseguiu convencê-lo. No aposento ao lado, as duas crianças tinham escutado tudo, e Maria desatou a chorar. — João, e agora? Sozinhos na mata, estaremos perdidos e morreremos. — Não chore — tranquilizou-a o irmão — Tenho uma ideia. Esperou que os pais estivessem dormindo, saiu da cabana, catou um punhado de pedrinhas brancas que brilhavam ao clarão da lua e as escondeu no bolso. Depois voltou para a cama. No dia seguinte, ao amanhecer, a madrasta acordou as crianças. — Vamos cortar lenha na mata. Este pão é para vocês. Partiram os quatro. O lenhador e a mulher na frente, as crianças, atrás. A cada dez passos, João deixava cair no chão uma pedrinha branca, sem que ninguém percebesse. Quando chegaram bem no meio da mata, a madrasta disse: — João e Maria, descansem enquanto nós vamos rachar lenha para a lareira. Mais tarde passaremos para pegar vocês. Após longa espera, os dois irmãos comeram o pão e, cansados e fracos como estavam, adormeceram. Quando acordaram, era noite alta e, dos pais, nem sinal. — Estamos perdidos! Nunca mais encontraremos o caminho de casa! — soluçou Maria. — Esperemos que apareça a lua no céu, e acharemos o caminho de casa — consolou-a o irmão. Quando a lua apareceu, as pedrinhas que João tinha deixado cair pelo atalho começaram a brilhar; seguindo-as, os irmãos conseguiram voltar até a cabana. Ao vê-los, os pais ficaram espantados. Em seu íntimo, o lenhador estava até contente; mas a mulher, assim que foram deitar, disse que precisavam tentar novamente, com o mesmo plano. João, que tudo escutara, quis sair à procura de outras pedrinhas, mas não pôde, pois a madrasta trancara a porta. Na madrugada do dia seguinte, a madrasta acordou as crianças e foram novamente para a mata. Enquanto caminhavam, Joãozinho esfarelou todo o seu pão e o da irmã, fazendo uma trilha. Dessa vez se afastaram ainda mais de casa. Os pais deixaram as crianças com a mesma desculpa de cortar lenha e desapareceram. As migalhas foram comidas pelos passarinhos, e os irmãos se perderam. Após vagarem famintos, viram uma casinha feita de doces: telhado de chocolate, paredes de bolo, janelas de jujuba! Uma velha apareceu e, fingindo bondade, convidou-os para jantar. Mas era uma bruxa. Prendeu João num porão e obrigou Maria a alimentá-lo para engordá-lo e comê-lo. João, astuto, enganava a bruxa com um ossinho fino em vez do dedo. Um dia, a bruxa perdeu a paciência: — Maria, acenda o forno. Hoje vou assar o seu irmão! Tentou enganar Maria para que entrasse no forno, mas a menina foi mais esperta: empurrou a bruxa lá dentro e trancou-a! Libertou João, e juntos encontraram cofres com pedras preciosas. Levaram pérolas, rubis e esmeraldas e tentaram encontrar o caminho de volta. Um marreco os ajudou a atravessar o rio. Depois de muito andar, reconheceram o lugar e chegaram à casa do pai, que os acolheu com lágrimas. A madrasta má já havia morrido. Agora, com suas riquezas, viviam com fartura e nunca mais passaram necessidade.

Fim da história